A man rests in downtown Lisbon, Portugal September 1, 2016.   REUTERS/Rafael Marchante

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Em Portugal, em 2015, o número de pessoas em risco de pobreza diminuiu relativamente ao ano anterior. Contudo, registou-se uma subida do risco de pobreza no grupo etário dos 65 ou mais anos. Neste ano, continuam a ser os mais jovens, as mulheres, a população desempregada e as famílias com crianças dependentes, os grupos populacionais em maior risco.

De acordo com os últimos resultados do Inquérito às Condições de Vida e Rendimento (EU-SILC), do Institutuo Nacional de Estatística, o risco de pobreza em Portugal situava-se nos 19% – o que representa uma diminuição de 0,5 p.p. em relação ao ano anterior (19,5%) (Figura 1). Em 2015, o risco de pobreza afetava 22,4% da população com menos de 18 anos (uma diminuição de 2,4 p.p. relativamente a 2014) e 18,3% da população idosa (um aumento de 1,3 p.p. face ao valor do ano passado, 17%).  Nesse ano, o risco de pobreza das mulheres diminuiu cerca de 0,5 pontos percentuais, situando-se agora nos 19,6% – nos homens o risco de pobreza é de 18,2% (uma diminuição de 0,6 p.p. entre 2014 e 2015).
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Face ao valor registado em 2014, manteve-se inalterável o elevado risco de pobreza da população desempregada (42%). No que diz respeito aos homens desempregados, este indicador subiu 0,4 p.p. face ao ano anterior (de 44,1% para 44,5%, em 2015). Já no caso das mulheres desempregadas, houve uma pequena diminuição do risco de pobreza em 0,3 p.p. (de 39,7% para 39,4%). Também no caso da população empregada, o risco de pobreza estancou face a 2014 (10,9%). Apesar do risco de pobreza afetar mais os homens (11,3%, menos 0,3 p.p. do que em 2014), houve um ligeiro aumento de 0,3 p.p. no risco de pobreza das mulheres a trabalhar (de 10,2% para 10,5%, em 2015).

Segundo os resultados publicados pelo INE, em 2015, os riscos de pobreza mais elevados continuam a registar-se nas famílias com filhos a seu cargo, nomeadamente: famílias onde existem dois adultos com três ou mais crianças (42,7%) e nas famílias com um adulto e pelo menos uma criança dependente (31,6%). Face a 2014, o risco de pobreza para famílias com crianças dependentes diminuiu 1,2 p.p. (de 22,2% para 21%, em 2015), embora continue a ser superior ao valor dos agregados sem filhos dependentes (16,8%).

Já com dados disponíveis para 2016, destaque para a descida de 1,6 p.p. da população em risco de pobreza ou exclusão social (de 26,6%, em 2015, para 25,1%, em 2016). Apesar da privação material continuar a registar valores elevados em Portugal, existe uma ligeira diminuição nos principais indicadores: a taxa de privação material desceu 1,1 p.p. em 2016 (de 21,6% para 19,5%) e taxa de privação material severa em 1,2 p.p. (de 9,6% para 8,4%) e, por fim, assiste-se a uma ligeira diminuição da intensidade da privação material de 2015 (3,7%) para 2016 (3,6%).

A desigualdade de rendimentos continua a apresentar valores elevados em Portugal, porém, em 2015, assistiu-se a uma ligeira diminuição nos principais indicadores: os 20% mais ricos no país têm um rendimento 5,9 vezes superior aos 20% mais pobres (uma diminuição no rácio S80/S20 de 0,1 face a 2014) e os 10% mais ricos auferem 10,1 vezes mais que os 10% mais pobres (uma diminuição de 0,5 do S90/S10 face ao valor de 2014, 10,6). Em 2015, o valor do Coeficiente de Gini (que tem em conta a distribuição do rendimento no seu todo) registava um valor de 33,9%, mantendo-se assim a tendência verificada desde 2013 (34,5%) de diminuição das desigualdades em Portugal (menos 0,6 p.p.).

Por: Ana Rita Matias e Pedro Perdigão