Elaborado por Renato Miguel do Carmo e Ana Rita Matias

Em 2015, na Europa e em Portugal, verificou-se uma diminuição do desemprego jovem relativamente ao ano anterior (uma quebra de 1,9 p.p. e 2,8 p.p., respetivamente). Embora o desemprego jovem continue elevado, neste ano houve sinais de recuperação face aos valores registados em 2013 e 2014. Em Portugal, existiam no ano de 2015, 118 mil jovens desempregados com menos de 25 anos – mais 64 mil do que no início de 2000 (54 mil), mas menos 30 mil do que em 2013 (148 mil).

Entre 2014 e 2015 (ver Quadro 1), é visível uma diminuição global do desemprego jovem, descendo em todos os segmentos etários: menos 2,8 p.p. nos jovens entre os 15 e 24 anos (de 34,8% para 32%) e menos 2,5 p.p. dos jovens entre os 25 e 29 anos (de 18,3% para 15,8%). Para os dois escalões etários, o desemprego jovem afeta com maior intensidade jovens com o ensino básico (37,8% e 16,6%, respetivamente), logo seguido pelos jovens com o ensino superior (30,2% e 15,6%, respetivamente). Uma leitura dos dados segundo as habilitações permite também verificar a diminuição geral do desemprego face a 2014, mas destaque-se as seguintes situações: a diminuição foi maior no segmento etário dos 25-29 anos, com o ensino básico, 4 pontos percentuais (de 20,6% para 16,6%) e a menor diminuição foi, igualmente neste grupo, mas com o ensino superior, em 1,1 pontos percentuais (de 31,7% para 30,2%).  

 

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O desemprego jovem para mulheres e homens também diminuiu nos dois escalões, mas continua a registar valores mais elevados nas mulheres e nos níveis de habilitação mais baixos: no escalão etário dos 15-24 anos, o desemprego feminino diminuiu 0,9 p.p. (de 35,4% para 34,5%) e o masculino 4,6 p.p. (de 34, 2% para 29,6%). Para o segmento etário dos 25-29 anos, o desemprego feminino diminui 3,9 p.p. (de 19,7% para 15,8%) e no caso masculino essa diminuição foi de 1,2 p.p. (de 16,9% para 15,7%). Em 2015, o valor mais elevado de desemprego encontra-se no segmento etário dos 15 e 24 anos, em indivíduos com o ensino básico, sendo que assume um valor mais alto nas mulheres (42,8%, menos 0,4 p.p. relativamente a 2014), do que nos homens (34,9%, menos 2,8 p.p.). 

Em 2015, o indicador apenas aumentou no caso dos jovens do sexo masculino com o ensino superior, para os dois segmentos etários (dos 15-24 anos, mais 0,7 p.p., de 29,6% para 30,3% e, dos 25-29 anos, mais 2,4 p.p., de 14,2% para 16,5%); e no caso das mulheres, o desemprego subiu para as jovens entre os 15 e 24 anos com o ensino secundário em 0,2 p.p. (de 34,4% para 34,6%) e com o ensino básico em 0,4 p.p. (de 42,4% para 42,8%).  

Em relação ao ano de 2014, a maior diminuição do desemprego, para os dois sexos, foi no segmento do ensino secundário: nos jovens do sexo masculino, entre os 15-24 anos, menos 6,2 p.p. (de 31,6% para 25,4%) e nas jovens entre os 25 aos 29 anos, em 4,5 p.p. (de 19,2% para 14,7%).

Taxa de desemprego jovem na União Europeia

Em 2015, cerca de 20% dos jovens europeus, entre os 15 e os 24 anos, encontravam-se numa situação de desemprego – mais 4,7 pontos percentuais do que eu 2008 (15,6%), mas menos 3,4 p.p. do que eu 2013 (23,7%) (Figura 1.1).

 

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Para a maioria dos países da União Europeia, o desemprego jovem subiu entre 2008 e 2013, com exceção de Luxemburgo (-2,4 p.p.) e Alemanha (-2,8 p.p.). Entre este período, a maior subida do indicador foi registada na Grécia (mais 36,4 p.p.) e na Espanha (31 p.p.), que em 2013, juntamente com a Croácia, tinham mais de metade dos  seus jovens no escalão etário dos 15-24 anos em situação de desemprego (respetivamente, 58,3%, 55,5%, 50%). No ano de 2013, Portugal (com uma taxa de desemprego de 38,1%, mais 21,4 p.p. do que em 2008), fazia parte deste grupo encabeçado pela Grécia. Em 2015, estes países continuam a formar o grupo onde a taxa de desemprego jovem é a maior, embora tenham visto o indicador diminuir (com exceção de Itália, onde a taxa subiu 0,3 p.p.). Na situação oposta, encontra-se a Alemanha, o país com a menor taxa de desemprego em 2015 (7,2%) e o único onde o indicador tem vindo consecutivamente a diminuir (de 2008 a 2013, menos 2,8 p.p., situando-se nos 7,8%; de 2013 a 2015, menos 0,6 p.p.). 

Na Figura 1.2 apresenta-se a taxa de desemprego jovem de longa duração (12 meses ou mais), para 2008, 2013 e 2015. Em 2015, do conjunto de jovens desempregados na União Europeia, 32,4% encontrava-se nesta situação há 12 meses ou mais (mais 9,4 pontos percentuais do que em 2008, 23%). Em 2015, a Grécia (56,1%), a Itália (55,7%) e a Eslováquia (54,6%) apresentavam as maiores taxas de desemprego de longa duração. Por sua vez, a Suécia (6,3%), a Finlândia (7,8%) e a Dinamarca (8%), eram os países onde existiam menos jovens, em termos relativos, em desemprego de longa duração. Entre 2008 e 2015, destaque para a subida neste indicador em Espanha (aumento de 24,6 pontos percentuais, de 10,4% para 35%), na Grécia (mais 20,3 p.p., de 35,8% e 56,1%), na Irlanda (mais 19,2 p.p., de 19,3% para 38,5%) e Itália (mais 17,5 p.p., de 38,2% para 55,7%).

 

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Na Figura 1.3, apresenta-se a taxa de desemprego jovem, para indivíduos entre os 15 e 24 anos, segundo o nível mais elevado de escolaridade. Para todos os países europeus, com exceção da Roménia, quanto mais elevado é o nível de educação, mais baixa é a taxa de desemprego. Na média europeia, a taxa de desemprego para jovens com o ensino básico (28%) era quase duas vezes mais alto que a taxa de desemprego entre os jovens com o ensino superior (15,4%).

 

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Desemprego jovem em Portugal

De seguida ir-se-á focar a evolução destes dois indicadores de desemprego para Portugal, para jovens dos 15-24 anos e dos 25-29 anos (Figura 2.1).  O aumento da taxa de desemprego foi sempre uma constante desde 2000 até 2013, sendo que o grupo dos 15 aos 24 apresentou sempre uma taxa mais elevada. Neste ano, para os dois escalões, o indicador assumiu o valor mais elevado do período: nos jovens entre os 15-24 anos, 38,1%, mais 29,9 p.p. do que em 2000; e no escalão mais velho, 21,9%, mais 17,5 pontos percentuais.

 

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No caso do desemprego de longa duração (Figura 2.2), os jovens dos 25 aos 29 anos apresentam taxas mais elevadas que o grupo mais jovem. Nos dois escalões, a taxa de longa duração atingiu os valores mais altos em 2013/2014: no caso dos jovens entre os 15 e 24 anos,  registou 36,3%; nos jovens entre os 25 e 29, 49,8%.

 

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Os últimos dados revelam que a taxa de desemprego total e de longa duração diminuiu em 2015, em ambos os escalões. Desde 2013, para os dois grupos etários, houve uma quebra em 6,1 pontos percentuais na taxa de desemprego dos jovens portugueses: para os mais jovens, de 38,1% para 32%; para o escalão mais velho, de 21,9% para 15,8%.  Em relação ao desemprego de longa duração, a quebra para os jovens dos 15-24 anos foi de 5,4 p.p. (de 36,3% para 30,9%) e 7,4 p.p. no caso do segmento dos 25-29 anos (49,8% para 42,4%).

Finalmente, na Figura 2.3 apresenta-se a evolução da taxa de desemprego para homens e mulheres, entre os 15 e 24 anos, na UE-28 e Portugal. Em termos globais, enquanto que em Portugal as mulheres tiveram sempre uma taxa de desemprego superior (em 2015, o valor desse indicador situava-se nos 34,5% e para os homens em 29,6% (uma diferença de 4,9 pontos percentuais); no contexto europeu, sucede o inverso (em 2015 a taxa de desemprego masculino situava-se em 21% e a das mulheres em 19,5%: uma diferença de 1,5 p.p). No que diz respeito à evolução do indicador, conclui-se que até 2004, a taxa de desemprego era menor em Portugal por comparação com a Europa. Desde de então, o indicador tem vindo a subir no país, tendo essa evolução se intensificado entre 2010 a 2013: a taxa de desemprego jovem para o sexo masculino subiu mais 15,1 p.p. e para as mulheres mais 15,6 p.p.. Nos últimos dois anos, houve uma diminuição do desemprego em Portugal e na UE, embora de forma mais tímida no caso das mulheres portuguesas.

 

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Em conclusão:

  • Em 2015, cerca de 20% dos jovens europeus, entre os 15 e os 24 anos, encontravam-se numa situação de desemprego – mais 4,7 pontos percentuais do que eu 2008 (15,6%), mas menos 3,4 p.p. do que eu 2013 (23,7%). Para a maioria dos países da União Europeia, o ano de 2013 significou níveis mais altos de desemprego, tendo afetado sobretudo os países do Sul da Europa.
  • Após um período em que a taxa de desemprego jovem subiu em Portugal de forma significativa, atingindo os valores mais elevados em 2012 e 2013 (37,9% e 38,1%, respetivamente), nos últimos dois anos houve uma redução deste indicador. Os anos de 2013 e 2014 foram também o período em que existiram mais jovens em desemprego de longa duração desde o início do século XXI. O ano de 2015 marca uma inversão desta tendência.
  • Em Portugal, no escalão etário mais jovem, dos 15 aos 24 anos, o desemprego afeta com maior intensidade as mulheres (34,5%) do que os homens (29,6%). As maiores diferenças entre sexos, no que diz respeito ao desemprego, encontram no ensino secundário (Mulheres = 32,6%; Homens = 25,4%) e ensino básico (M=42,8; H=34,9%). Para o escalão etário dos 25 a 29, a taxa de desemprego é superior junto dos homens com o ensino superior e secundário, apenas as mulheres com o ensino básico neste escalão apresentam uma taxa de desemprego superior.