A UNESCO lançou em 2012 o World Atlas of Gender Equality in Education, o relatório apresenta os percursos educativos de crianças em temas como o acesso, participação e progresso em educação pré-escolar, primaria, secundaria e ensino superior. Os dados da UNESCO Institute of Statistics, apresentam-se desagregados por sexo, e colocam especial ênfase em indicadores de género para ilustrar as desigualdades e mudanças observadas desde 1970. Vai-se tomar em conta também fatores como: a riqueza nacional, a localização geográfica, o investimento na educação e as áreas de ensino.

Apesar do progresso registrado na igualdade de género na educação, ainda há algumas diferenças para as raparigas que continuam em desvantagem do que diz respeito à igualdade de oportunidades, nomeadamente no 3º ciclo e no nível secundário em países em desenvolvimento. No entanto, nos países desenvolvidos, a tendência é inversa e as mulheres atingem maiores níveis de escolaridade que os homens.
Um dos fatores mais importantes na participação e persistência educativa é a riqueza nacional de cada país, onde o PIB per capita esta fortemente associado com a expectativa de frequência escolar. Alguns dos países com um baixo nível de rendimento nacional e menor média de anos de escolaridade (4 a 7 anos) são: República Centro-Africana, Eritreia e Nigéria. Por outro lado, Austrália, Dinamarca, Finlândia, Islândia e Noruega identificam-se como os países com maiores níveis de rendimento nacional e média de anos de escolaridade (17 a 21 anos). A percentagem de despesa pública na educação varia nos países entre 10% e mais de 20%, sendo que dois terços dos países destinam de 10% a 20% da despesa pública total em educação.
Em quanto às leis de escolaridade obrigatória, 105 países (o maior conjunto) têm requisitos de educação entre 10 e 14 anos, enquanto que 67 países designam entre 7 a 9 anos. As regiões onde a maior parte dos países têm escolaridade obrigatória de mais de 10 anos são: América Latina e Caraíbas e América do Norte e Europa Ocidental. Aproximadamente metade dos países em outras regiões têm de 7 a 9 anos. É na África Subsaariana e Sul e Leste da Ásia onde se encontram os países com educação obrigatória de 5 a 6 anos.
Paridade entre géneros
 O índice de paridade entre géneros permite uma analise da (des)igualdade de participação na educação de crianças de sexo feminino e masculino. A maioria dos países do Sul e Oeste da Asia, dos Estados Árabes e da Africa Subsaariana ainda não conseguiram paridade para os níveis básico nem secundário (Argélia é o único pais que a atingiu no nível secundário). Uma grande parte dos países que pertencem as regiões do Leste da Ásia e o Pacífico e América Latina e Caraíbas atingiram paridade só no 1º e 2º ciclo, sendo que América do Norte e a Europa Ocidental e Europa Oriental e Central alcançaram paridade de género no nível básico e secundário.
1º e 2º ciclo
A nível mundial, a frequência no 1º e 2º ciclo tem aumentado e a disparidade entre géneros tem diminuído. Três quartos (73%) dos países reportaram uma taxa bruta de escolarização de mais de 98%; o que significa uma frequência quase universal, sendo que nestes países vivem 77% das crianças do mundo. Por outro lado, só 3% das crianças vivem em 5% dos países com uma taxa bruta de escolarização menor a 80%. A taxa real de escolarização de 44% dos países varia entre 85% e 95%, cerca de um décimo dos países têm níveis de matriculação neste nível de 98% ou mais, e um em dez têm taxas menores a74%.
As meninas foram as maiores beneficiarias do aumento na taxa bruta de escolarização. No entanto, alguns dos países com maiores disparidades entre sexos e onde as raparigas continuam em desvantagem, são: Somália (0,55), Afeganistão (0,67), Chade (0,70) e República Centro-Africana. Numa situação inversa, alguns dos países onde as raparigas estão em maior vantagem, são: Mauritânia (1,08), Nauru (1,06) e Kiribati, Bangladesh, Senegal e China (1,04).
Mesmo que muitos países tenham atingido paridade entre géneros no 1º e 2º ciclo, a proporção de retenção mostra diferenças de género, neste caso os rapazes mostram piores resultados. As regiões com mais retenções são: Estados Árabes e Europa Central e Oriental, Ásia Central mostra os mesmos valores de repetição de ambos sexos, e o resto das regiões (Asia Oriental e o Pacífico, América Latina e Caraíbas, América do Norte e Europa Ocidental, Sul e Oeste de Asia, e Africa Subsaariana) têm mais rapazes a repetir do que raparigas. Quando comparando as repetições a nível global no 1º e 2º ciclo observa-se uma diferencia de 0,6 pontos percentuais (diferença entre 5,2% de repetição para o sexo masculino e 4,6% de sexo feminino).
No que concerne às taxas de abandono escolar, os resultados mostram uma forte relação com o contexto económico nacional, e diferenças segundo o sexo. As taxas de conclusão no 1º e 2º ciclo têm aumentado a nível global e a maioria dos países têm taxas pouco abaixo de 80%, sendo em África onde se identifica os valores mais baixos. No que diz respeito ao género, em todas as regiões as taxas de conclusão são maiores para as raparigas, com exceção da América Latina e Caraíbas, Ásia Oriental e o Pacífico. No entanto, também é importante mencionar as taxas de crianças fora da escola: 15% dos países mostram valores residuais (entre 0% a 1%) de crianças nesta situação, mas 20% dos países têm taxas de mais de 15%; 19 destes países, situados maioritariamente na Africa Subsaariana, têm mais de 20% de crianças fora da escola, esta última taxa inclui o 45% das crianças nesta situação.

3º ciclo e nível secundário
No 3º ciclo e nível secundário, a taxa bruta de escolarização tem aumentado entre 1970 a 2009, de 48% para 69% para rapazes (uma diferença de 21 pontos percentuais), e de 39% para 67% para raparigas (uma diferença de 28 pontos percentuais). As maiores subidas foram observadas na América Latina e Caraíbas, onde as raparigas passaram de uma taxa de 27% para 93% (uma diferença de 66 pontos percentuais, entre 1970 e 2009), nos Estados Árabes e o Pacifico e Sul e Oeste da Ásia as raparigas também mostraram progressos importantes. No entanto, nas 5 regiões, as taxas brutas de escolarização são maiores para os homens do que para as mulheres, ainda que na América do Norte e Europa Ocidental têm quase os mesmos valores para ambos sexos. A matrícula dos alunos neste nível de ensino está a aumentar a uma maior velocidade do que a população em idade de frequentar esse ciclo em quase todas as regiões (todas exceto Europa Central e Ocidental). No 3º ciclo e nível secundário encontram-se altos níveis de raparigas fora da escola, espacialmente na África Subsaariana, mesmo que, em todas as regiões haja países que enfrentam o dito problema. A nível mundial, 32% dos países têm pelo menos 15% de raparigas fora da escola.
Ensino superior
No que concerne à educação terciária, as mulheres têm sido as principais beneficiárias da expansão da educação superior em todas as regiões. As inscrições no ensino superior têm aumentado, aproximadamente, em 500 por cento, entre 1970 e 2009, sendo que as matriculas das mulheres aumentaram quase o dobro comparativamente aos homens. A taxa bruta de escolarização dos homens cresceu de 11% para 26% (uma diferença de 15 pontos percentuais), sendo que a feminina triplicou-se, de 8% a 28% (uma diferença de 20 pontos percentuais). O Este da Ásia e Pacifico é a região com maior crescimento nesta matéria. Por outro lado, América do Norte e Europa Ocidental é a região com menor crescimento, no entanto, as matrículas subiram em 250 por cento durante este período. Observa-se que a riqueza nacional tem uma relação diretamente proporcional com a inscrição de mulheres no ensino superior, no entanto existem diferenças notórias entre as áreas de ensino, sendo as ciências sociais, gestão e direito, são as áreas preferidas pelas mulheres em todas as regiões, exceto Ásia Central.
Tendências em literacia
O melhoramento na educação mencionado anteriormente reflete avanços significativos na literacia de adultos, a taxa global aumentou de 76% em 1970 a 83% em 2009 (uma diferença de 7 pontos percentuais). A região com maiores taxas foi Ásia Central (99,4), enquanto as menores taxas localizaram-se na Africa Subsaariana (61,9). Embora, apesar dos ganhos, as mulheres ainda representam a maioria dos adultos iletrados. No que concerne as taxas dos jovens encontram-se maiores valores que nos adultos, e a disparidade entre géneros tem diminuído desde 2000.
Políticas educativas
Finalmente, a igualdade de género na educação é influenciada pelas políticas através destes principais fatores: modelos a seguir femininos (professoras) no 1º e 2º ciclo facilitam a matriculação de raparigas; no 3º ciclo e nível secundário o trabalho de docência uniformemente distribuído entre professores e professoras também ajuda nesta matéria; um outro fator importante é a distância à escola, que afeta mais as estudantes de sexo feminino. Menciona-se no relatório que as estudantes tendem a ter melhores resultados em leitura comparativamente aos estudantes homens, sendo que eles têm ventagem em matemáticas e ciências.
Em resumo, durante as ultimas duas décadas, tem havido progresso no acesso a educação. As taxas de inscrição aumentaram em todos os níveis de ensino e o número de crianças fora da escola diminuíram. A paridade entre géneros também melhorou, registrando inscrições de estudantes de sexo feminino a crescer a um ritmo mais acelerado do que os de sexo masculino em todos os níveis, especialmente no ensino superior. No 1º e 2º ciclo, dois terços dos países lograram em paridade de género, no entanto, as raparigas continuam ainda a ser discriminadas no acesso à educação em alguns países. No que concerne aos rapazes os problemas significativos referem às taxas de retenção e abandono.

Por: Andrea Oceguera Farías